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OPUS DISSONUS




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2010 E SEUS ESQUECIDOS


PARTE II
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Hugo Wolf
(1860-1903)









Ignaz Paderewski
(1860-1941)










Samuel Barber
(1910-1981)









Soulima Stravinsky
(1910-1994)

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Continuando com o grupo dos esquecidos de 2010, além dos não muito esquecidos Issac Albeniz e Gustav Mahler, vale mencionar Hugo Wolf (1860-1903), comemorando seus 150 anos. Compositor que se dedicou as canções (lieder) e começou usando como base estética para suas primeiras obras as canções de Schumann e Schubert, foi fortemente influenciado por Wagner ao longo de sua obra, sendo considerado um representante da Nova Escola Alemã em Vienna. Teve apoio de compositores como Franz Liszt, mas devido ao seu caráter difícil e sua crítica sempre afiada fez muitos inimigos, dentre eles Johannes Brahms e Anton Rubinstein, e sua obra acabava sendo mal recebida por orquestras e grupos de câmera que discordavam das opiniões de Wolf.
                          Em 1887 Wolf abandonou suas atividades como crítico musical, se dedicando exclusivamente à composição, e assim sua obra entrou no que os musicólogos chamam de “estilo maduro”. Mas ao longo dos próximos anos muitos músicos deixariam de contribuir com Wolf por medo de entrar nas “listas negras” dos críticos que abraçavam a causa de Brahms.
                          A saúde mental e física de Wolf foi afetada severamente pela sífilis e por seu temperamento depressivo, sua última tentativa desesperada de composição foram as 60 páginas de uma ópera chamada Manuel Venegas (1897) e a partir do meio de 1899 ele não conseguiria compor mais nada.
                          Wolf compôs centenas de canções, música coral, e algumas obras orquestrais e de câmara que raramente foram executadas nestes 150 anos
                          Nacido em 17 de maio, August Stradal (1860-1930) foi talvez o maior mestre da arte da transcrição. Transcreveu para piano solo quase toda obra organística de Bach, os Concertos de Brandenburgo, todas Sinfonias de Bruckner, 12 Poemas Sinfônicos e as Sinfonias Fausto e Dante de Liszt, 24 Concertos de Haendel, 2 Sinfonias de Schubert, inúmeras canções, dentre elas, 7 do recém mencionado Hugo Wolf.
                          Stradal também foi compositor, tendo composto cerca de 50 canções e 8 obras para piano solo. Sua linguagem musical, apesar de influenciada por seus professores (Anton Door, Theodor Lescheticky, Franz Liszt e Anton Bruckner) é bem mais simplista. Mas exige do intérprete um elevadíssimo grau de virtuosismo. Seu enorme Estudo para piano “Im Sturm”, é claramente influenciado por Orage (Anos de Peregrinação vol.1) de Liszt, não apenas pelo nome, mas também por tratar técnicas idênticas de uma maneira bem mais concentrada.
                          Dentre suas obras é interessante mencionar as “Variações sobre o Hino Nacional Austríaco” (composto por Haydn) que estará recebendo sua primeira edição em 2011 juntamente com uma Gavota e uma Valsa para piano solo.
                          Apesar do seu contato com grandes músicos e pensadores e seu enorme talento e dedicação, a sua falta de tato para o marketing próprio parece ter sido o que mais contribuiu para que seu nome fosse esquecido por quase um século.
                          Primeiro-Ministro da Polônia, Ignaz Paderewski (1860-1941) queria também ser presidente do seu país, mas a falta de incentivo partidário fez com que seu sonho nunca se realizasse. Nacionalista fanático, Paderewski abraçou a causa do seu país e usou seu conhecimento musical para ajudar seu país de todas maneiras possíveis.
                          Compôs uma Sinfonia chamada “Polônia”, uma ópera e muitas obras para piano solo. Seu Minueto foi particularmente famoso, chegando a ser na época uma das obras mais executadas por pianistas de todos os níveis, além de também ser executada em arranjos para bandas de metais em ocasiões solenes onde Paderewski era recebido como um herói.
                          Dedicou-se também a edição das obras completas de Chopin, um trabalho que até hoje serve de referência para os estudiosos. Foi aluno de Theodor Lescheticky e como pianista também se dedicou especialmente a divulgação da obra de Chopin, mas, apesar da fama de virtuoso, Paderewski não agradou os verdadeiros virtuoses da sua época. Moriz Rosenthal (ex-aluno de Mikuli e Liszt) ao ouvi-lo comentou: “Sim ele toca bem, eu suponho, mas ele não é nenhum Paderewski”. Este comentário é explicado pelo fato do nome “Paderewski” ser, naquele momento da história, um sinônimo de virtuosismo pianístico devido aos seus sucessos como concertista.
                          Paderewski morreu em Nova York aos 80 anos, seu nome ainda pode ser encontrado em uma das estrelas da famosa “Calçada da Fama de Hollywood” em Los Angeles.
                          Richard Burmeister (1860-1944), pianista, compositor e pedagogo alemão, aproximadamente aos 20 anos tornou-se aluno de Franz Liszt e até 1884 ainda seguia o mestre até Roma, Weimar e Budapeste. De 1885 a 1897 lecionou em Baltimore, fez várias turnês pelos EUA. De 1897 a 1903 foi diretor do Conservatório de Música Scharwenka em Nova York. Em 1903 foi convidado para o Conservatório Real de Dresden onde ficou até 1906 e em seguida para o Conservatório Klindworth-Scharwenka em Berlim onde deu aulas até 1925.
                          Suas composições encontram-se hoje completamente esquecidas. Dentre elas um Concerto para piano e orquestra, um Romance para violino e orquestra Op.7, o poema sinfônico “Die Jagd nach dem Glück” e Albumblatt Op.15.
                          Além do fato de casar-se com Dory Petersen (1860-1902), também aluna de Liszt, nada mais se sabe sobre Burmeister além de que também deixou algumas edições e arranjos/transcrições de obras de Bach, Liszt e Chopin.
                          Talvez não tão desconhecido para iniciar uma pequena lista de centenários esquecidos, Samuel Barber (1910-1981) é hoje mais conhecido pelo seu Adágio para cordas e pela Sonata para piano, que permanecem no repertório de um número pequeno de instrumentistas que nem sempre estão a altura da obra.
                          Toscanini, Horowitz e Poulenc estão entre os que ajudaram a divulgar a música de Barber que fora influenciado pela obra de Bach e Brahms em sua forma, enquanto suas linguagens sonoras divagaram por estéticas diversas como a politonalidade, a atonalidade, o serialismo, e ainda a música popular americana (jazz).
                          Yevgeny Golubev (1910-1988), compositor russo nascido em Moscou, sem dúvida está esquecido. Por um lado teve amigos e conhecidos influentes e teve sua obra gravada e divulgada em vida, por outro lado 22 anos após sua morte as gravações são muito difíceis de conseguir. E suas obras não estão mais nas salas de concerto nem mesmo na Rússia.
                          Aluno de Nikolai Myaskovsky e Samuel Feinberg, Golubev compôs 24 Quartetos para cordas, 3 Concertos para piano, 10 Sonatas para piano solo, dentre outras obras. A pianista Tatiana Nikolayeva, conhecida entre os pianistas não-russos apenas pela sua transcrição de “Pedro e o Lobo” de Prokofiev, gravou algumas das obras de Golubev, incluindo seu Concerto No.3 dedicado a própria intérprete.
                          Considerado uma autoridade na interpretação das obras de Igor Stravinsky, seu filho Soulima Stravinsky (1910-1994), como compositor acabou ficando à sombra de seu pai o que parece ter feito com que Soulima dedicasse pouco tempo às suas próprias obras. Aluno de piano de Isidor Phillip e de composição de Nadia Boulanger compôs Quartetos de Cordas, uma Suíte para viola, Sonata para violoncelo e piano, além de dos Estudos Pitorescos para piano solo, álbuns para educação musical infanto-juvenil e diversas transcrições.
                          Ainda neste ano temos compositores esquecidos que comemoram datas menos “redondas” como 180 anos ,170 anos, etc. Estes virão a seguir.

Artur Cimirro
2 de outubro de 2010



















August Stradal
(1860-1930)









Richard Burmeister
(1860-1944)









Yevgeny Golubev
(1910-1988)




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