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OPUS DISSONUS




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2010 E SEUS ESQUECIDOS


PARTE I
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Wilhelm Friedemann Bach
(1710-1784)










Luigi Cherubini
(1760-1842)










Otto Nicolai
(1810-1849)









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No ano da comemoração do bicentenário de Chopin e Schumann, o mundo relembra suas obras em séries quase infindas de concertos e recitais dedicados integralmente às suas obras. Mas devido a uma falta de informação generalizada acabamos não comemorando outros mestres que tanto contribuíram para a arte da música. Para garantir que não serão totalmente esquecidos neste ano, resolvi apontar alguns dos nomes que merecem atenção.
                          Fazendo 300 anos este ano temos Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784) filho de Johann Sebastian Bach que também fora seu professor de música. Wilhelm influenciou Mozart, e sua obra apesar de não ser tão extensa como a do seu pai tem um valor muito expressivo para um melhor entendimento do período de transição entre o fim do barroco e o início do classicismo, uma vez que, dos filhos de J.S.Bach, foi o que mais utilizou o conhecimento musical que aprendera com o pai, seja na arte do contraponto como na arte da improvisação onde, assim como o pai, era considerado um organista genial.
                          Do período de transição entre o classicismo e romantismo vale citar o compositor e pianista virtuoso Jan Ladislav Dussek (1760-1812) aluno de outro filho de J.S.Bach, Carl Phillip Emanuel Bach.
                          Dussek foi um compositor prolífero de musica para piano e música de câmara e teve suas obras admiradas por Haydn, mas, apesar de ter executado algumas de suas obras com grande sucesso na sua época, ficou mais conhecido na história como um dos primeiros grandes virtuoses e, de acordo com o compositor Louis Spohr, o primeiro pianista a colocar o piano de lado para o público.
                          Seu virtuosismo o coloca na posição de precursor de Franz Liszt, e em suas obras é possível perceber um refinamento e método composicional que, apesar de ser claramente direcionado para o romantismo, virou um caminho sem seguidores e que ficou inexplorado devido a maior parte da música de Dussek não ficar conhecida fora da Inglaterra após sua morte.
                          A Sonata chamada “Le Retour à Paris” mostra o topo do virtuosismo de Dussek, uma vez que esta obra ganhou o subtítulo de “Plus Ultra” como resposta à uma outra Sonata do compositor Joseph Woelfl (1773-1812) intitulada “Ne Plus Ultra” considerada na época a obras mais difícil em se tratando da técnica pianística.
                          Luigi Cherubini (1760-1842), compositor considerado por Beethoven “o maior compositor do seu tempo”, também se encontra completamente esquecido. Considerado menino prodígio no seu tempo, Cherubini muito cedo se dedicou também a composição e suas obras foram alvo de grandes elogios de compositores como Schumann e Brahms.
                          Cherubini era uma pessoa temperamental e de pouco humor, o conflito que teve com Hector Berlioz contribuiu muito para que seu nome ficasse esquecido na história. Mesmo assim teve amigos como Adolphe Adam, Frederic Chopin, Giacomo Rossini e especialmente o pintor Jean Auguste Dominique Ingres, pelo fato de Cherubini ser também pintor amador e Ingres violinista amador.
                          Seu tratado “Cours de contrepoint et de fugue” é um dos mais interessantes e completos para um estudo da arte de contraponto e é até hoje uma obra de grande importância para os estudantes de composição.
                          Dentre suas composições destacam-se dois Réquiens, sendo um escrito para o seu próprio funeral, seus 6 quartetos e seu quinteto para cordas, além de suas Missas e 38 Motetos.
                          Juntamente com Chopin e Schumann, Norbert Burgmüller (1810-1836), aluno de Spohr, faz 200 anos, e, no caso deste compositor, não é difícil entender porque o nome dele permanece esquecido. Schumann quando soube da morte de Burgmüller escreveu que nenhuma morte após a de Schubert teria sido tão dolorosa para os músicos como foi a de Norbert Burgmüller. E de fato os poucos que o conheceram ainda em vida foram encantados por sua música magnífica, no entanto, seja por falta de marketing ou por falta de espaço, sua obra não chegou ao grande público, motivo triste este que fez com que Schumann sentisse uma necessidade de pelo menos homenagear o tão talentoso amigo. O fato é que a obra de Norbert merece sem dúvida muito mais atenção.
                          Sua obra foi admirada também por Mendelssohn e, anos mais tarde, Brahms encantou-se pela Rapsódia Op.13 e pelas canções. Suas Sinfonias Op.2 e Op.11 são obras particularmente interessantes e seu Concerto para piano e orquestra Op.1 sem dúvida merece um espaço maior nas salas de concerto.
                          Um maravilhoso trabalho vem sendo feito por Klaus Zehnder-Tischendorf através da página http://www.burgmueller.com/ onde a obra completa do compositor bem como um número expressivo de informações biográficas e bibliográficas podem ser encontradas juntamente com as gravações de todas as obras disponíveis deste compositor romântico.
                          Norbert teve também um irmão compositor Johann Friedrich Franz Burgmüller, 3 anos e 3 meses mais velho, conhecido hoje em dia por algumas obras destinadas aos estudantes de piano e pelo “Peasant Pas de Deux” do ballet “Giselle”.
                          Fundador da Orquestra Sinfônica de Viena, Otto Nicolai (1810-1849), é um destes compositores que permanecem agonizando com apenas uma de suas obras sendo executada de tempos em tempos, neste caso se trata de uma ópera chamada Die lustigen Weiber von Windsor baseada na peça "As Alegres Comadres de Windsor" de Shakespeare.
                          Além de duas Sinfonias, cinco óperas, várias canções e música coral, Nicolai também compôs obras para piano solo que demonstram a grande criatividade e técnica instrumental do compositor. São bons exemplos a sua “Sonata Op.27”, seus “Estudos Op.40”, as “Variações sobre temas de Norma de Bellini Op.25” ou ainda seu “Rondo Capriccioso Op.Póstumo”, obras estas que infelizmente permanecem esquecidas entre outras nos acervos de grandes bibliotecas européias.
                          Franz Liszt apreciava a obra de Nicolai, e compôs uma fantasia para órgão sobre temas de "Eine Feste Burg Ist Unser Gott", e mais tarde a mesma fantasia foi transcrita para piano solo por um aluno de Liszt chamado August Stradal.
                          Julian Fontana (1810-1869) recentemente vem tendo sua obra relembrada graças ao pianista Hubert Rutkowski que gravou, dentre outras coisas, um CD completamente dedicado às obras de Fontana pela gravadora polonesa Acte Prealable
                          Fontana é em geral conhecido como editor de Chopin, especialmente das obras “póstumas”. Fontana estudou com Jozef Elsner, o mesmo professor de seu amigo Chopin, e tinha também entre seus amigos os compositores Alkan, Moscheles, Gottschalk e Cramer. Em seu repertório Fontana possuía. além de suas próprias obras, muitas obras de Thalberg, Moscheles, Wilmers, Liszt e Chopin, de quem sem dúvida foi um dos principais popularizadores para o grande público, tendo estreado suas obras em Cuba, EUA, e em outros países da Europa.
                          Uma lista de obras, incluindo partituras para acesso gratuito e outras informações acerca da vida e obra deste curioso compositor podem ser encontradas na página: http://www.julianfontana.com/

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9 de agosto de 2010
Artur Cimirro



















Jan Ladislav Dussek
(1760-1812)










Norbert Burgmüller
(1810-1836)











Julian Fontana
(1810-1869)




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