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Carnaval: e o palhaço, quem é?
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Mais um carnaval se passou, e os foliões retornam aos seus lares para guardarem suas fantasias púrpuras e brilhosas para as (re)usarem quando o próximo carnaval chegar.

Na passarela do samba agitação e alegria. Nas arquibancadas, profusões de vogais a ajudarem os olhos. Corpos a balançarem-se em euforia exagerada. Apenas sentimentos de êxtase e/ou decepção se mesclam conforme gostos e desgostos de um povo que momentaneamente se esquece das azáfamas da vida mal vivida que o cotidiano se encarrega de lhe impor.

E agora, o palhaço quem é? É o ladrão de mulher, ou o falso nariz perpetuado em cada rosto que nem máscara mais usa?

Espelho, espelho meu! O palhaço sou eu?

Ano eleitoral, e para variar, os políticos plantonistas fazem qualquer benemerência e reverência aos que foram municiados com verbas mais gordas para entreter a ruminação da boiada (pena Camile Saint-Saens ter se esquecido de incluir os bois no seu “Carnaval dos Animais”...).

O velho e certeiro marketing de sempre, pois há a certeza da ignorância em massa pela ausência total do não investimento na educação. Essa é a jogada suja e perversa dos que promovem o circo da “cultura”.

Necessidades humanas devem seguir prioridades, quais sejam: alimentação, saúde, educação, trabalho, segurança e lazer. Deve-se primar pela qualidade de cada área na prática, e não em tese propagandeada e tendenciosa usada em larga escala por àqueles que só pensam em si e não na coletividade.

O humano, desde o seu aparecimento, é um criador de vínculos estranhos. Agrega valores contraditórios, e suas ações são as mais diversas possíveis. Ele é uma incógnita para si mesmo, mas é simbiótico quanto às suas dependências em relação ao que considera ser bom para si e para o momento em que vive.

Lembra-se e esquece-se facilmente desses valores conforme lhe é oportuno, adequando-se em bizarrices diversas, e por isso, seus falsos narizes de matizes diversos são os únicos a não serem encaixotados.

Sucedem-se carnavais e eleições, e a história se repete na mesmice de sempre. Eternos personagens gangorreiam freneticamente. Essa é a grande massa que manipula ao mesmo tempo em que é manipulada. Enquanto isso, a minoria pensante vê-se usurpada e ultrajada em seus direitos primários. Paga por toda essa farra, e usufrui minimamente daquilo que lhe é devida. Efeito bumerangue pela falta de ação, ou não se detém rolos compressores? Os dois?

Mais um carnaval se foi, mas palhaços diversos estão espalhados por todos os cantos, e seguem a brincar...

Nicete Campos
22/2/2010


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