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Crianças do Lixo e Crianças do Luxo
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Criança é criança em qualquer lugar do mundo. É pureza, alegria, peraltice, curiosidade, medo, destemor, rebeldia, tristeza, desamparo, solidão na multidão.

Criança é frágil no forte da sobrevivência. É puro cristal, que, quando se quebra, não perde suas propriedades químicas e físicas, apenas se transforma na forma a que for trabalhada.

Crianças do lixo...

Crianças do luxo...

Independente do lugar em que ela se encontre, seu próximo deve ter a responsabilidade de cuidar para mantê-la inteira, sem ranhuras! Sua integridade física, moral, intelectual, e quissá espiritual, devem ser trabalhadas docemente, mas com firmeza de propósitos. Somos todos responsáveis por todos. Formem-se elos, para que uma corrente firme e forte possa garantir a harmonia, legando cidadãos éticos para a transformação ou reajustamento de um sistema social, que de tão caótico, está praticamente falido.

Crianças do, e literalmente no LIXO, com comprometimento excessivo e danoso às suas saúdes, demasiadamente expostas a tudo o que há de ruim na face da terra (comida estragada, frio, chuva, sol, drogas), não as impedem de viver. Respiram, comem e dormem mal. Estranhamente sobrevivem! Açoitadas, castigadas, calejadas. Resistem! Crescem, embrutecem e procriam. Perpetuam suas sinas bandidas! As mortas prematuramente foram agraciadas com o desconhecido. Tornaram-se anjos?

Onde andam seus próximos? O que fazem seus distantes? São todos seus antecessores biológicos e da mesma cultura de massa?

Crianças do, e literalmente no LUXO, são comprometidas com o excesso de atividades “sociais”. Também estão expostas a riscos, inclusive alimentar. Excesso de alimentos, porém, industrializados. Sobrevivem estranhamente com produtos químicos a lhes empanturrar o organismo. Sedentárias em frente aos seus computadores, vídeo games, televisores, celulares, recebem em dose cavalar, radiações nocivas diariamente. O sol, essas crianças praticamente não vêem, e a seus familiares, idem.

Seus próximos (fisicamente) por onde andarão? E os seus distantes, também se preocupam com elas? Também o fator biológico e a cultura do “meio” legaram à elas esta sina?

Biológico e Meio em que vivem, talvez expliquem parte dessa estrutura, mas estes são apenas dois dos vetores que recebem maior atenção por parte da classe científica. Agreguem-se a isso fatores subjetivos como: egoísmo, urgências capitais, desinformação, desamor, imoralidade, desrespeito, ausência de educação e precariedade na visibilidade do conjunto, e, obtêm-se aí, o chamado “efeito dominó”.

A unicidade do SER independe da predominância física que o caracteriza como humano, portanto, necessário se faz “trabalhá-lo” individualmente, e não “massificadamente” como ocorre na atualidade. As chances de êxito em se alcançar a equananimidade são grande. Há que se adotar uma postura mais humanística perante o próximo, e em especial às crianças.

A falta de tempo, a angústia, o desespero, e tantos outros desafetos que atingem o SER adulto, acabam por desviar suas atenções daquelas que dependem e necessitam de orientações adequadas, e isso faz com que se perpetue a desculpa dada à negligência com que as crianças são tratadas.

Amor e educação, essas sim, deveriam ser recebidas pelas crianças em doses maciças!

Os ensinamentos sobre respeito e dedicação para com o próximo, e para com a natureza devem começar em casa, e na mais tenra idade. De nada adianta legar ao educador formal o que aos pais e/ou educadores do lar pertencem. Deve haver uma extensão simbiótica entre lar e escola sim, mas a inversão de papéis é um tanto quanto perigosa, e contraproducente.

O lar educa, e a escola prepara para os desafios sócio-mercadológicos, mas tanto um quanto o outro, devem promover seus ensinamentos com solidez, ou seja, embasados numa ética ímpar. Só assim se prepara indivíduos dignos para atuarem na sociedade como verdadeiros seres humanos racionais. Exemplos de dedicação e solidariedade por parte dos chamados animais irracionais, são fartamente estudados, e podem ser copiados pelos que se esqueceram destes significados. O que não vale, é adotar posturas comodistas e individualistas.

Todo e qualquer investimento, de caráter educativo, deve ser aplicado na criança, pois adultos egocêntricos e aéticos deverão ser suplantados por aqueles que tiverem adquirido verdadeiras condições de promoverem o bem geral. É isso, ou é isso mesmo!

Crianças do LIXO! Crianças do LUXO!

Espera-se que seus tutores possam acordar em tempo hábil, e salvá-las do terreno inóspito a que há algum tempo as relegaram.

Nicete Campos
21/8/2009


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