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Overdose Ambiental
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Por conta de campanhas eleitorais intermitentes, o modismo da hora se volta quase que exclusivamente para aquilo que pode significar votos, ou seja, o meio ambiente.

A mídia de massa se divide em extremos revelando seus lados conflituosos, confundindo tudo, e nada esclarecendo. A população novamente fica à mercê de informações maquiavélicas. Por não ter educação e cultura não detêm poder de discernimento, deixando às raposas a decisão do convencimento dos seus propósitos.

Com raríssimas exceções, e, portanto, dignas de aplausos e agradecimentos dos que apostam ainda na ética e no bem estar de todos, consegue-se vislumbrar algumas propagandas estritamente educativas. Já é um avanço, se considerar que essas ações partem de ambientes entremeados de vaidades e ganâncias diversas.

O Brasil, desde o seu descobrimento vem sendo surrupiado em seus recursos naturais. Apenas para ilustrar, nos seus primeiros duzentos anos, os ingleses, os espanhóis, e mais especificamente os franceses, se encantaram com o pau-brasil (Caesalpinia echinata), ou ibirapitanga na língua tupi, pelo seu enorme valor comercial, pois dessa árvore se extraia uma tinta vermelha usada como corante para tecidos, além do seu uso na carpintaria e marcenaria. Com a anuência dos nossos colonizadores portugueses, os índios cortaram cerca de setenta milhões dessas árvores para saciar a cobiça dos envolvidos. Inciou-se aí uns dos primeiros contrabandos, que abririam portas para todos os tipos possíveis e imagináveis de exploração das riquezas naturais brasileiras.

Ainda hoje assistimos impávidos e colossos a derrubada diária de milhões de árvores de todos os tipos. A ciência e a tecnologia não se cansam de comprovar os benefícios advindos da flora, sejam para fins medicamentosos ou vaidades diversas. A mídia se encarrega da divulgação em grande escala, e eis que o homem se vê prisioneiro de sua própria insanidade, pois o desequilíbrio causado à natureza o afeta diretamente, pois este (o homem) é parte integrante dela (eureka! Grande novidade, não?).

Também, o homem que não pára de viver do “jeitinho brasileiro” precisa diversificar. Na medida em que os recursos naturais se esgotam, ele “matuta” sua próxima ação capital. E é aí que ele prova mais uma vez sua irracionalidade conseguida através do seu egocentrismo.

Alimentos para todos os seres vivos são fracamente incentivados quando é para suprir o mercado interno (vide o desinteresse que há com os pequenos e médios agricultores), a soja, por exemplo, é incentivada em larga escala, pois além do seu retorno financeiro, coloca o Brasil em posição plasticamente privilegiada perante o mundo. A cana de açúcar coloriu quase que completamente o verde da nossa bandeira, os eucaliptos vão também ocupando espaços cruciais, e o pasto, é o longe do mar que nossos olhos não conseguem alcançar. Nossa terra empobrecida e fraca quer vomitar o veneno nela injetado, e as gramíneas viçosas e confortáveis não se importam com este tipo de solo, pois suas raízes, pouco precisam para se auto-sustentar. Apenas firmam-se por tempo suficiente, satisfazendo plenamente o senhor da terra: o homem! Os mais diversos e colossais crimes cometidos contra a natureza só seriam contidos com a extinção do homem, mas essa espécie só sabe aumentar, e assim sendo, fica óbvio e ululante verificar que ele está por terminar de cavar sua sepultura.

Overdose ambiental teórica!

Gotas homeopáticas dissolvidas no abandono do descaso...

Assim, sobreviventes convivem com o caos, onde a ordem é o “salve-se quem puder” (já que a esperança morre com o homem).

Mas, falemos do que está na moda...

Nicete Campos
27/6/2009


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