____________________________________________________

A natureza pede passagem
____________________________________________________


Enquanto se contabiliza o número de pessoas mortas pela tsunami, causada por um maremoto, a natureza segue seu curso aos trancos e barrancos. Não é a revolta ou ódio contido no céu, água e terra que impulsiona a destruição do ser, e sim, o oposto. Pois não é que o homem provoca sua própria estrutura, sua base tão bem alicerçada naturalmente, por total falta de educação e zelo?

Quem dentre os animais é o detentor de cérebro complexo e pensante? A cabeça não vive só de enfeites burlescos e mente insana. A sua evolução deveria caminhar num processo igualitário com os demais componentes da natureza. A construção dos seus valores deveria priorizar aquilo que lhe dá sustentação.

As reações advindas de todo e qualquer ato funcionam em cadeia. Os elementos envolvidos certamente irão modificar-se conforme disponibilizados. Se bem seqüenciados, apresentarão um equilíbrio harmonioso, do contrário, adversidades ocorrerão. Depois do descontrole, nada ou quase nada se pode fazer. É como o leite derramado, pode-se chorar, mas só o gato o poderá aproveitar. Se o gato está com fome e a criancinha de barriga cheia, diz-se que “dos males, o menor”, mas se aquele alimento era o único em seu tempo e espaço, remediar se transforma em um tormento sem precedentes.

Obviamente, o termo de comparação aqui sugerido é fraco, assim como fraca é a desculpa do homem em sua tentativa de se omitir de desastres como, por exemplo, esse ocorrido no oceano índico. Não só o montante de vidas ceifadas se deve considerar, mas também outros terríveis fenômenos ecológicos, decorrentes ou não desse, podem repercutir por esse mundo afora. Grandes catástrofes são documentadas, mesmo antes da existência do homem. Hoje, o que se questiona, é se, com o advento da altíssima tecnologia, o homem não poderia prever, evitando assim a dizimação de uma parcela populacional.

Fenômeno natural ou ocasionado propositalmente? Seja qual for a resposta, já que natural é se tentar achar um culpado, olhamos para nós mesmos e o indicador nos aponta.

Acreditar que o tsunami seja um caso isolado, sem culpados, sem rebote e descontínuo, no mínimo é ingenuidade. A natureza castigada e desacreditada pelo todo poderoso HOMEM, não revida ou se move por maldade, apenas necessita sobreviver à sua maneira. Mal sabe ela, que enquanto se debate na tentativa de ajeitar-se em conformidade com sua natureza, o ser insano esgueira-se na escuridão de sua estupidez, incomodando e pouco se importando com o destino de outras paragens, em detrimento dele próprio. Essa estranha e inconseqüente forma de raciocínio-ação faz com que questionamentos sobre o grau da inteligência humana, realmente seja aquela propagada aos quatro ventos.



Nicete Campos
7/1/2005


_______________________________________