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Mentira e Omissão
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O que há de mais comum na espécie humana é a ignomínia de tentar obter vantagens uns sobre os outros, usando invariavelmente a mentira. Quando essa é descoberta, o homem lança mão dos famigerados subterfúgios compilados em dicionários. O adjetivo omissão, por exemplo, é um dos mais empregados pelos adeptos de mentiras chamadas de “necessárias”, aquelas tidas como “bobinhas”, mas espertas em suas tangentes escapatórias.

Esse léxico inexaurível, usado num lúdico momento de escritos despretensiosos, faz parte de um repertório semântico que me faz imaginar se aqui seria o caso de expô-lo, já que o dinamismo de rápido acesso que se faz hoje de uso corrente neste meio de comunicação, neologicamente denominado internet, talvez não seja cabível. Em todo caso, uma vez começado...

Duro mesmo é saber que o mentiroso é um grandíssimo cara-de-pau! Faz uso indevido do nosso vocabulário e ainda posa de bonzinho aos olhos e aos sentidos dos mais leigos, para não dizer dos mais idiotizados.

Também, nossas leis arcaicas e arbitrárias são exemplos maiores no quesito mentira versus omissão. Como fica fácil jogar com as palavras, quando se tem conhecimento profundo sobre elas... Os incautos caem como patinhos n’água...

O pior mesmo é que parecemos papagaios repetidores. Não sabemos do que se trata, mas pelo sim ou pelo não, usamos as palavras menos comprometedoras possíveis.

Subterfúgio ou covardia? Eis aí mais duas palavras prontinhas para serem usadas ao gosto do ser.

A palavra omissão, por si só é pejorativa. Assim que é pronunciada, vislumbramos um quê de covardia velada. Coisas obscuras de um EU incompleto são identificadas. Imediatamente nos colocamos em posição de “guarda”.

Por mais que eu questione, não consigo me decidir a aceitar uma ou outra como sendo a mais nojenta e avassaladora. Enquanto isso, e talvez por isso mesmo, caminho apreensiva esgueirando-me por entre aqueles que em sua esmagadora maioria, usam e abusam de adjetivos dúbios, deixando à COVARDIA, o papel de exercer as funções de pai e mãe das piores palavras contidas em nossos dicionários.



Nicete Campos
17/7/2004


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